quarta-feira, 19 de setembro de 2012

CURSO EM ANÁLISE DE INCÊNDIOS FLORESTAIS E USO DE FOGO DE SUPRESSÃO

 Artigo de: Artur Borges - GTF de Felgueiras
Paulo Bessa - GTF de Penafiel

O Território Português, à semelhança dos restantes Países Mediterrâneos, reúne as condições necessárias para a ocorrência de Grandes Incêndios Florestais (GIF), caracterizados por grandes áreas ardidas e por um comportamento extremamente violento do fogo, e que obrigam a uma mobilização e empenhamento de meios nunca antes vistos nos teatros de operações e com custos insuportáveis para um País limitado em recursos pela crise financeira a que se assiste.
Os GIF desenvolvem comportamentos extremos fora da capacidade de extinção existente, sendo necessária a abordagem técnica de especialistas no planeamento das operações de combate.
Neste Verão foi possível constatar, mais uma vez, aquilo para o que muitos investigadores e especialistas têm vindo a alertar, e que dizia respeito aos menores períodos de retorno, recorrência e simultaneidade de GIF no território e cuja intensidade e comportamento do fogo excedem a capacidade de extinção dos meios de combate existentes.

À semelhança da realidade verificada noutros Países, existem em Portugal técnicos analistas cuja habilitação e competência se centra na análise do comportamento do fogo e na predição da sua evolução ao longo do tempo e do espaço, através da qual conseguem planear as operações de combate mais seguras, adequadas e eficazes para cada tipo de incêndio. Estes analistas de incêndios florestais possuem uma formação e experiência muito ampla, onde se inclui o estudo da meteorologia associada aos incêndios florestais, uma experiência consolidada na realização de fogo controlado assim como um extenso estudo e análise de casos reais de incêndios florestais.

A existência de um reduzido número de técnicos habilitados nesta área tem-se demonstrado insuficiente para possibilitar a existência da figura do técnico analista em incêndios florestais em todo o País, assim como se encontra impossibilitada a sua intervenção numa fase inicial do combate aos incêndios florestais, estando actualmente a sua actuação mais vocacionada para o uso do fogo supressão, designadamente através dos Grupos de Análise e Uso do Fogo.

No ano de 2005, com a definição do Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios, foram criados os Gabinetes Técnicos Florestais cujas funções se centram no estudo e planeamento das mais variadas medidas com vista à Defesa da Floresta Contra Incêndios, desde a implementação de medidas preventivas até ao apoio ao combate, nos níveis municipal e supra-municipal.

O País encontra-se assim dotado de mais de 200 Gabinetes Técnicos Florestais nas Câmaras Municipais, cujos técnicos são o elemento chave na estratégia municipal e supra-municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios, conhecedores do território municipal, com uma experiência consolidada em incêndios florestais e em condições de poderem vir a ser habilitados para o desempenho das funções de analistas de incêndios florestais, e a quem se deve exigir a prestação de um imprescindível apoio aos Comandantes das Operações de Socorro no que toca ao processo de tomada de decisão no cenário da ocorrência de um GIF.
Existem mais de 200 Gabinetes Técnicos Florestais cujos técnicos poderão ser habilitados como analistas de incêndios florestais e a quem se deve exigir a análise para apoio ao combate dos incêndios florestais.
Neste sentido, e procurando dar resposta à lacuna verificada, os técnicos dos Gabinetes Técnicos Florestais do Distrito do Porto, em parceria com uma empresa espanhola de referência, Consultoría Natutecnia S.L., à qual se juntaram técnicos de outros Distritos (Viana do Castelo, Braga, Aveiro, Bragança, Vila Real, Coimbra, Guarda e Leiria), irão promover um Curso de Análise de Incêndios Florestais e Uso do Fogo de Supressão, o qual decorrerá a partir do próximo dia 25 de Setembro no Porto.

Com esta formação, devidamente reconhecida pela Autoridade Florestal Nacional para a credenciação em fogo de supressão, será dado o ponto de partida para que seja generalizada, numa escala regional e mesmo nacional, a disponibilidade de técnicos analistas de incêndios florestais para apoio aos Comandantes das Operações de Socorro ao nível da análise e do planeamento da extinção dos incêndios florestais.

Especialmente dirigida para os técnicos dos Gabinetes Técnicos Florestais, e com uma duração de 63 horas, a formação incidirá com maior relevância na análise meteorológica, na utilização de simuladores de comportamento do fogo, na análise e avaliação do comportamento do fogo, no planeamento da extinção e em protocolos de segurança, estando também contempladas sessões práticas com vista ao planeamento e execução do fogo de supressão e avaliação dos seus impactos.

Neste curso irá também ser abordada a análise de GIF ocorridos no território que, juntamente com a capacitação do ponto de vista operacional dos técnicos no combate aos incêndios florestais, irá permitir uma melhor planificação das acções de prevenção estrutural a implementar ao nível municipal e supra-municipal, concretizando assim uma estratégia de Defesa da Floresta Contra Incêndios mais efectiva.

4 comentários:

Floresta disse...

Gostaria de saber se é possível que outros GTF's possam frequentar o curso? E quais os custos do mesmo?

Atentamente

Angela Fraga (gtf@cm-penacova.pt)

Anónimo disse...

Bom dia gostaria que me informassem se esta acção se irá repetir e em que local, gostaria também que me informassem qual o custo da mesma.
Atentamente
Manuel Monteiro (gtf.idn@sapo.pt)

Luís Barros Pereira disse...

Bom dia!
Sou Luís Coelho Pereira, GTF Mealhada.
Coloco as mesmas questões: custos e datas/locais alternativos.
Será que haverá a possibilidade de enquadrar os custos no Proder (Formação Especializada)? Não poderemos sugerir isto, para ganhar "peso", à ANMP?

Aguardo a V/ resposta,
luis.pereira@cm-mealhada.pt

Paulo Bessa disse...

Boa tarde a todos,

Este curso resultou duma iniciativa de alguns técnicos e foi enquadrada a titulo individual para dar resposta às necessidades de formação por eles identificadas, tratando-se de uma edição única (para este ano pelo menos.
A turma já se encontra completa, pelo que não será possível admitir novos formandos.

Em resposta à questão colocada pelo colega Luís Barros Pereira, e tratando-se de uma formação altamente especializada, duvido que possa vir a ser enquadrada no PRODER. A ANMP não será a entidade mais indicada para solicitar este tipo de formação, contudo a mesma deveria estar a ser exigida por TODOS nós à ex. Autoridade Florestal Nacional.
Ao dispor para qualquer outro esclarecimento e na disponibilidade de agendarmos uma reunião com vista a discutir este e outros assuntos que poderão ser de interesse comum.

Cumprimentos.

Paulo Bessa
(paulo.bessa@gmail.com)

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