sexta-feira, 22 de junho de 2012

PERÍODO CRÍTICO 2012

Portaria n.º 196/2012 de 22 de junho

Nos termos do Sistema Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios, estabelecido pelo Decreto –Lei n.º 124/2006, de 28 de junho, com a redação dada pelo Decreto -Lei n.º 17/2009, de 14 de janeiro, a adoção de medidas e ações especiais de prevenção contra incêndios florestais decorre, sobretudo, durante o período crítico anualmente estabelecido por portaria.
Para a definição do período crítico no corrente ano relevam não só o regime termopluviométrico de Portugal continental, mas também o histórico das ocorrências de incêndios florestais e as condicionantes associadas à organização dos dispositivos de prevenção e combate a incêndios florestais.

Assim:

Manda o Governo, pelo Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, nos termos da alínea s) do artigo 3.º do Decreto -Lei n.º 124/2006, de 28 de junho, com a redação dada pelo Decreto -Lei n.º 17/2009, de 14 de janeiro, e no uso das competências delegadas pela Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território através do despacho n.º 12412/2011, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 181, de 20 de setembro de 2011, com a redação que lhe foi conferida pela declaração de retificação n.º 1810/2011, publicada no Diário da República, 2.ª série, n.º 227, de 25 de novembro de 2011, o seguinte:
 
Artigo único
 
Período crítico

O período crítico no âmbito do Sistema de Defesa da Floresta Contra Incêndios, no ano de 2012, vigora de 1 de julho a 30 de setembro, devendo ser asseguradas medidas especiais de prevenção contra incêndios florestais neste período.
O Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, José Daniel Rosas Campelo da Rocha, em 19 de junho de 2012.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

AUMENTO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS DEVIDO À MUDANÇA CLIMÁTICA

Postado por: Emanuel Oliveira
SMPC/GTF de Vª Nª de Cerveira
Segundo uma investigação publicada neste mês de Junho no “The Journal Ecosphere” espera-se neste século um grande aumento de incêndios florestais sobre uma grande parte do planeta devido à mudança climática.
Usando modelos de incêndios baseados em dezasseis saídas de modelos climáticos utilizados no relatório IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) de 2007, os investigadores, liderados por Max Moritz de UC Berkeley, concluíram que 38% do planeta deverá sofrer aumentos da actividade de incêndios nos próximos 30 anos. Esta taxa aumenta até 62% no final do século XXI.
No entanto, muitas regiões do planeta onde se esperam aumentos da precipitação, em particular nos trópicos, deverão apresentar menos incêndios. Os investigadores prevêem que 8% da Terra terá uma redução da probabilidade de incêndios nos próximos 30 anos e 20% apresentará uma redução até ao final do século. Os modelos não coincidem em como ocorrerá a mudança do perigo dos incêndios para uma grande parte do planeta: 54% para o período 2010-2039 e 18% para o período de 2070-2099.

Encontraram-se seis factores chave para controlar as probabilidades dos incêndios nos modelos. A mais importante foi quanta vegetação havia disponível (NPP - Net Primary Production/PPL - Produção Primária Líquida). Outros três factores, com metade da importância, foram a precipitação do mês mais seco, a temperatura média do mês mais quente e a diferença entre a temperatura registada no verão e no inverno. Os outros dois factores, menores, foram a temperatura média do mês mais húmido e a precipitação anual.

Os autores concluíram que a ocorrência de futuros incêndios parece ser condicionada principalmente pela humidade disponível em muitas áreas e que o esperado aumento da temperatura global de 3.5 ºC que se utiliza nos modelos não constituirá o único factor dominante nos incêndios florestais.

Mudança Fraccional Prevista na Probabilidade de Incêndios para o período de 2010 a 2039 (mapa superior) e de 2070-2099 (mapa inferior) para a média dos dezasseis modelos climáticos utilizados para o relatório do IPCC de 2007.

Fonte da  Imagem: Climate change and disruptions to global fire activity, Moritz et al., 2012, from the journal Ecosphere.
Fonte do Artigo:  www.eltiempo.com
Documento da Investigação: http://www.esajournals.org/doi/pdf/10.1890/ES11-00345.1

terça-feira, 12 de junho de 2012

ANÁLISE AO GIF DA VÁRZEA - ARCOS DE VALDEVEZ

Post de: Emanuel Oliveira
SMPC/GTF Vª Nª de Cerveira
 
O Grande Incêndio da Várzea, ocorrido nos dias 10, 11 e 12 de Março de 2012, deflagrou junto à Albufeira da Barragem do Lindoso, queimando mais de 300 hectares de espaço florestal classificado do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Tratou-se de um típico incêndio topográfico influenciado pelos ventos locais.

A análise ao comportamento do fogo deste GIF demonstra a necessidade de se proceder de igual modo aos diversos incêndios que ocorrem no território do Alto Minho. Opino que todos os incêndios com mais de 50 hectares merecem uma cuidada análise, por forma a desenvolvermos práticas operacionais ao nível da prevenção estrutural.
As análises não se tratam pois de reconstruções do incêndio ou de relatórios de combate. As análises constituem sim, ferramentas úteis para auxiliar-nos na tomada de decisões em situações de recorrência e no apoio à planificação de acções concretas para gestão de pontos estratégicos, o que torna a implementação menos onerosa dos PMDFCI de 2ª Geração.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Evolução climática do distrito de Viana do Castelo-implicações para os incêndios florestais

A caracterização climática, nas variáveis temperatura e precipitação tem por base as Normais Climatológicas dos períodos de 1971-2000 e 1981-2010, estes últimos ainda provisórios.
Assim, no que concerne à temperatura, tendo como base a média realizada entre as duas normais, verifica-se que a temperatura mínima varia entre os 4,8º e 15,2ºC enquanto que temperatura máxima varia entre os 14,5º e os 26,2ºC. As temperaturas acima dos 20ºC situam-se entre os meses de Maio e Outubro.
A variação entre as duas normais da temperatura mínima e máxima é, na generalidade, positiva, evidenciando um aumento global da temperatura. A variação da temperatura média mínima, à exceção do mês de Fevereiro, é sempre positiva, verificando-se acréscimos máximos de 0,6ºC. A variação da temperatura média máxima é igualmente positiva com acréscimos máximos de 0,7ºC.
Figura nº1 – Temperatura Normais Climatológicas 1971-2000 e 1981-2010 – Viana do Castelo
Fonte: Instituto de Meteorologia
Relativamente à precipitação, verifica-se que os valores médios variam entre os 28mm e 220,8mm. Os níveis mais baixos verificam-se naturalmente entre os meses de Junho e Setembro. A variação entre normais, em determinados meses do ano, é negativa inclusivamente em meses de inverno como Dezembro, Janeiro ou Fevereiro.
A evolução ao longo dos meses é semelhante para os dois períodos, apresentando decréscimos nos meses de Março e posteriormente entre Maio e Agosto, sendo Julho o mês que mais baixos valores de precipitação observa.
Figura nº2 – Precipitação Normais Climatológicas 1971-2000 e 1981-2010 – Viana do Castelo
Fonte: Instituto de Meteorologia
O decréscimo de precipitação verificado nos meses de inverno associado ao aumento generalizado da temperatura poderá levar ao aumento da frequência da ocorrência de incêndios florestais em meses não considerados como críticos. Face a esta realidade, questiona-se se não existirá fundamento para a reformulação do Período Critico.
Se a este aumento generalizado de temperatura e anomalias negativas de precipitação associarmos outros elementos que compõe o piroambiente, como um combustível mais disponível para a combustão, uma estrutura diferente e uma carga cada vez mais elevada, poderemos, em casos de conjugação de outros factores intrínsecos ao território, como a topografia, exposição ou ventos dominantes de quadrante Norte por vezes fortes, verificar uma maior probabilidade de Grandes Incêndios Florestais.
Assim, parece evidente a necessidade de alteração e manipulação da estrutura e carga dos combustíveis presentes nos espaços florestais do distrito, devendo esta aposta focar-se na criação de mosaicos e eliminação de pontos críticos numa perspectiva de criação de descontinuidades estruturantes que contrariem a progressão dos GIF’s.

Elaborado por
Amélia Freitas
GTF Caminha

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More