Postado por: Emanuel Oliveira
SMPC/GTF de Vª Nª de Cerveira
Adaptação do Lowveld Fire Danger Rating System/Fire Danger Index de Laing & FDI de McArthur
O Modelo que seguidamente se apresenta é uma adaptação do modelo Fire Danger Rating System de Lowveld (LFDRS) amplamente utilizado na África do Sul.
O LFDRS da África do Sul é uma adaptação do Fire Danger Index (FDI) desenvolvido por Michael Laing no Zimbabwe (então Rodésia) em 1968 (Laing, 1978). O modelo básico utiliza as mesmas entradas que o modelo de McArthur, que são dimensionadas para produzir um modelo simples que pode determinar valores facilmente sem precisar de cálculos complexos. (McArthur 1958, 1967).
O cálculo do Burning Index (BI) usa um nomograma simples recorrendo aos valores da temperatura e da humidade relativa. Uma vez que o valor do BI foi obtido, ele é, então, ajustado para o vento pela adição de um Fator de Correcção de acordo com as condições (velocidade) de vento predominantes às 13:00 UTC (hora solar).
A disponibilidade de combustível fino é calculada por meio de um "Fator de Correção de Precipitação" que usa o valor da precipitação acumulada nas últimas 24h antecedentes para ajustar o BI.
Optei por adaptá-lo a Portugal, pelo que contei com a colaboração do colega Luis Matos (GTF de Melgaço), o qual tem vindo a recolher informação local e proceder a teste. A adaptação apenas incidiu numa pequena alteração sobre o Fator de Correcção da Precipitação e numa adaptação das Classes de Risco.
Enquanto no modelo original são atribuídos factores de correcção a valores de precipitação inferiores a 1,0 mm, no modelo adaptado consideramos atribuir o valor 1, em virtude de que pelas nossas observações a precipitação acumulada de 1 mm em 24 horas nos nossos combustíveis florestais praticamente não influi na ignição e na velocidade de propagação, bem como na intensidade. Esta influência é ainda menos marcante em combustíveis de 1h e de 10h, onde a humidade é perdida com mais facilidade, principalmente com valores tão reduzidos de precipitação. As classes de risco FDI (traduzido para IRIF) foram adaptadas à nossa meteorologia, isto é, aos nossos valores de temperatura e de humidade favoráveis à probabilidade de incêndios florestais.
Quando se pensou na adaptação deste modelo, pensou-se numa forma simples de determinação do risco de incêndio florestal à mão de qualquer combatente para a sua planificação das acções de prevenção, de modo a auxilia-lo sem grandes questões de ordem técnica ou científica, pois o que realmente interessa ao responsável por uma equipa de vigilância, 1ª intervenção ou combate, é conhecer o risco provável para as próximas horas. Igualmente, pode ser uma ferramenta muito útil para os responsáveis pelas Juntas de Freguesia, na informação do risco de incêndio à população rural, fora do Período Crítico, sobre as condições de segurança para a realização de queima de sobrantes.
A grande vantagem deste modelo está na sua simples interpretação com base numa planilha (ver link para descarga), facilitando a planificação da prevenção, pelo que face a esta vantagem tentamos adaptá-lo às condições meteorológicas do nosso território. Pode ser mais um instrumento importante para a apoiar a tomada de decisão em acções de prevenção, por qualquer pessoa com responsabilidades nestas matérias.
Apenas precisamos dos valores de uma simples estação meteorológica, referentes ao vento (km/h), à temperatura (ºC) e à humidade relativa do ar (%), bem como a precipitação acumulada (mm), caso se verifique. Para o cálculo do IRIF interessam-nos, preferencialmente, os valores registados às 13 UTC (hora solar).
Para além deste Risco de Incêndio, é conveniente ter particular atenção à direcção do vento, à hora (solar) e à exposição da encosta. Segundo as Curvas de Inflamabilidade de Campbell (CPSL) poderemos estimar o período de máxima inflamabilidade de uma dada encosta, onde um incêndio ocorrendo atingirá um pico de intensidade nessa mesma encosta, cuja mudança poderá levar a um aumento ou redução da intensidade no comportamento do fogo.
Saliento que se trata ainda de um modelo experimental, mas que até ao momento tem demonstrado alguma coerência, face aos testes levados agora a cabo pelos técnicos dos GTF’s do Alto Minho, elementos do GIPS da GNR e elementos das Corporações de Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Cerveira e de Valença. Porém, devemos continuar a fazer os testes e a validar os dados, pelo que fica aqui para descarga uma simples planilha que o auxiliará na determinação do Índice de Risco de Incêndio Florestal (IRIF).
Agradece-se pois que faça chegar os seus comentários, observações e sugestões para o e-mail: gtfcerveira@gmail.com.
O USO DESTE MODELO NÃO SUBSTITUI O RISCO DE INCÊNDIO OFICIAL USADO NO NOSSO PAÍS (FWI), PUBLICADO DIARIAMENTE PELO INSTITUTO DE METEOROLOGIA.
Vamos então a um simples exemplo explicativo:
Segundo o site da METEOPT regista para o dia 22 de Agosto, às 12 UTC, em Viana do Castelo, os seguintes valores de:
Para sabermos o Índice de Risco de Incêndio Florestal (IRIF) procedemos da seguinte forma:
1. Estimar o Factor de Correcção da velocidade do vento, km/h
Para isso basta apoiar-se na seguinte tabela:
Ou seja, com base na tabela para um vento de 21 km/h obtemos uma correcção de 15.
2. Calcular o valor do Burning Index (BI)
No quadro de alinhamento, utilize uma régua e una o valor da temperatura ao valor da humidade relativa, pelo que obterá o valor do BI - Burning Index.
Pelo que obtemos o valor de BI de 33.
3. Estimar o Factor de Correcção da Precipitação, mm/24h
Como a precipitação acumulada nas últimas 24 horas foi inferior a 1 mm, vamos proceder agora à sua correcção com o auxílio do quadro abaixo.
Em virtude da ausência de precipitação o Factor de Correcção será de 1.
Sendo assim, procedemos então ao cálculo:
Burning Index (BI): 33
Factor de Correcção da Precipitação: 1 x 33 = 33
Some o Factor Vento: 15
Índice de Risco de Incêndio Florestal (IRIF): 48
O Índice de Risco de Incêndio Florestal é ALTO para Viana do Castelo para o dia 22 de Setembro de 2012.
Aqui fica para descarga, a planilha para estimar o Índice de Risco de Incêndio Florestal (em teste).
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