terça-feira, 11 de junho de 2013

2013 Certamente com Verão diferente!

O Canal francés Metèo lançou recentemente previsões meteorológicas que indiciam fortes probabilidades de ausência da estação estival na Europa Ocidental. Refere que a propabilidade de ausência de temperaturas típicas do verão rondará cerca de 70%, pelo que segundo estas previsões poderemos viver um dos verões mais frios e húmidos dos últimos 200 anos, assemelhando-se às condições vividas no ano 1816. Outros investigadores apontam para um verão semelhante ao vivido em 2002, onde uma alteração no padrão de circulação atmosférica provocou no mês de Agosto, trovoadas e grandes inundações na Europa Central.

Os meteorologistas daquele canal francês baseiam as suas previsões nos efeitos do longo e tardio inverno deste ano que conduziu a um arrefecimento das águas dos oceanos, para além de uma débil actividade solar registada nos últimos meses, o que no conjunto poderá ter efeitos sobre o clima nos meses estivais, mais concretamente os meses de Julho e Agosto. Confirmando-se esta situação, poderemos esperar curtos períodos de acentuado calor, seguidos de períodos de trovoadas, principalmente na 2ª metade de Agosto. O mesmo canal prevê que o calor poderá produzir-se com maior probabilidade nos meses de Setembro e Outubro.

Por outro lado, as previsões estacionais realizadas pela NOAA (EUA) indicam igualmente uma considerável descida das temperaturas no território central da Península Ibérica nos meses de Junho, Julho e Agosto, bem como um ligeiro aumento dos valores da precipitação.

Se estas condições se confirmarem, então teremos para os meses de Setembro e Outubro, uma elevada carga de combustíveis florestais disponíveis e potencialmente susceptíveis, traduzindo-se num sério “final” de período crítico, podendo-se repetir a situação vivida no ano 2011 com incêndios florestais de final de época (mês de Outubro), mas mais devastadores e de maiores dimensões.

Recordamos porém que, dada a necessidade de uma maior eficiência e eficácia dos essenciais recursos financeiros para suportar o DECIF, o governo e as unidades de combate deverão adoptar medidas que visem uma maior flexibilidade e adaptabilidade dos meios envolvidos na prevenção e combate, em função das condições climatéricas, de forma a encontrarem-se melhor preparadas para os períodos que realmente justifiquem o seu accionamento em força. Com as alterações climáticas, cada vez mais presentes, a determinação rígida de um Período Crítico deixa de ter fundamentos que o sustentem, pelo que talvez num futuro muito próximo, passaremos a falar de estado permanente de prontidão e da necessidade de equipas de prevenção ao longo do ano.

Igualmente, de acordo com estas condições meteorológicas, importa o desenvolvimento de acções que visem a redução da carga de combustível e a intervenção em pontos estratégicos de gestão.

O certo é que para o mês de Junho as previsões indicam a tendência das previsões estacionais, como podemos constatar na Previsão Mensal do IPMA:
 
"Na precipitação total semanal prevêem-se valores acima do normal, para o litoral norte e centro do território, na semana de 10/06 a 16/06. Nas semanas de 03/06 a 09/06, de 17/06 a 23/06 e de 24/06 a 30/06 não é possível identificar a existência de sinal estatisticamente significativo.
 

Na temperatura média semanal prevêem-se valores abaixo do normal, para todo do território, nas semanas de 03/06 a 09/06 e de 10/06 a 16/06. Nas semanas de 17/06 a 23/06 e de 24/06 a 30/06 não é possível identificar a existência de sinal estatisticamente significativo."
Na verdade é que não existem dúvidas que a mudança climática encontra-se presente e os seus efeitos vão condicionar o nosso modo de vida e de actuação. Verão vai haver, provavelmente... mais tarde!

Desenvolvido e postado por:
Emanuel de Oliveira
SMPC/GTF de Vª Nª de Cerveira

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Jornada sobre Incêndios Florestais no Parlamento da Catalunha. Apresentação de Marc Castellnou

Orador: Marc Castellnou, presidente da Fundación Pau Costa e analista chefe do Grupo de Actuaciones Forestales (GRAF) da Dirección General de Prevención y Extinción de Incendios y Salvamento da Generalidad de Cataluña.

Temas:
  • Objeto da jornada
  • Desafios do país face aos incendios florestais
Jornada d'incendis forestals al Parlament de Catalunya. Ponència Marc Castellnou from Pau Costa Foundation on Vimeo.

Elenco de Comandantes da Estrutura Operacional

COMANDO NACIONAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO
  • Comandante Operacional Nacional: José Manuel Moura2º Comandante Operacional Nacional: Joaquim Almeida
  • Adjunto de Operações Nacional: Marco Filipe Martins
  • Adjunto de Operações Nacional: Miguel Cruz
  • Adjunto de Operações Nacional: Carlos Guerra 
AGRUPAMENTOS DISTRITAIS DE OPERAÇÕES DE SOCORRO
  • Comandante Operacional de Agrupamento Distrital do Norte: Paulo Esteves
  • Comandante Operacional de Agrupamento Distrital do Agrupamento Centro Norte: António Ribeiro
  • Comandante Operacional de Agrupamento Distrital do Agrupamento Centro Sul: Joaquim Chambel
  • Comandante Operacional de Agrupamento Distrital do Agrupamento Sul: Elísio Oliveira
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO AVEIRO
  • Comandante Operacional Distrital: José Ricardo Bismarck
  • 2º Comandante Operacional Distrital: Manuel Pinheiro 
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO BEJA
  • Comandante Operacional Distrital: Victor Cabrita
  • 2º Comandante Operacional Distrital: Carlos Pica
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO BRAGA
  • Comandante Operacional Distrital: Hercílio Campos
  • 2º Comandante Operacional Distrital: Victor Azevedo
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO BRAGANÇA
  • Comandante Operacional Distrital: José Bruçó
  • 2º Comandante Operacional Distrital: Guilherme Mamede
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO CASTELO BRANCO
  • Comandante Operacional Distrital: Rui Esteves
  • 2º Comandante Operacional Distrital: Francisco Mendes                       
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO COIMBRA
  • Comandante Operacional Distrital: Carlos Luís
  • 2º Comandante Operacional Distrital: António Oliveira
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO ÉVORA
  • Comandante Operacional Distrital: José Ribeiro
  • 2º Comandante Operacional Distrital: José Soldado 
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO FARO
  • Comandante Operacional Distrital: Vítor Vaz Pinto
  • 2º Comandante Operacional Distrital:  Abel Gomes
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO GUARDA
  • Comandante Operacional Distrital: António Fonseca
  • 2º Comandante Operacional Distrital: José António Oliveira 
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO LEIRIA
  • Comandante Operacional Distrital: Sérgio Gomes
  • 2º Comandante Operacional Distrital: Luis Manuel Lopes
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO LISBOA
  • Comandante Operacional Distrital: Carlos Mata
  • 2º Comandante Operacional Distrital: André Fernandes
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO PORTALEGRE
  • Comandante Operacional Distrital: Belo Costa
  • 2º Comandante Operacional Distrito: Sílvia Félix 
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO PORTO
  • Comandante Operacional Distrital: Carlos Alves
  • 2º Comandante Operacional Distrital: Sérgio Barros
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO SANTARÉM
  • Comandante Operacional Distrital: Mário Silvestre
  • 2º Comandante Operacional Distrital: Luís Costa
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO SETÚBAL
  • Comandante Operacional Distrital: Patrícia Gaspar
  • 2º Comandante Operacional Distrital: Rui Costa
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO VIANA DO CASTELO
  • Comandante Operacional Distrital: Armando Silva
  • 2º Comandante Operacional Distrital: Daniel Simões 
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO VILA REAL
  • Comandante Operacional Distrital: Álvaro Ribeiro
  • 2º Comandante Operacional Distrital: Fernando João
COMANDO DISTRITAL DE OPERAÇÕES DE SOCORRO VISEU
  • Comandante Operacional Distrital: António César da Fonseca
  • 2º Comandante Operacional Distrital: Henrique Pereira
SUBDELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIAS NOS CODIS:



terça-feira, 4 de junho de 2013

POSTO DE COMANDO PROATIVO

 “Se pudéssemos saber, em primeiro lugar, em que ponto nos encontramos e até que ponto avançaremos, estaríamos em melhores condições para julgar o que fazer e como fazê-lo 
Abraham Lincoln


Equipa em trabalho de análise. Fonte: blogs.pjstar.com
As forças armadas americanas introduziram um sistema de comando e controlo baseado na proatividade, denominado C4IRS: Comando, Controlo, Comunicações, Computadores, Inteligência, Vigilância e Reconhecimento. O C4IRS visa a coordenação, o controlo e a sincronização das ações estratégicas e táticas a serem conduzidas em diversos níveis. Este sistema opera no contexto de uma concepção identificada como Network Centric Warfare – NCW (Guerra Rede Centrica).

Semelhantemente e fazendo a analogia ao C4IRS, o combate aos incêndios florestais tem que adoptar esta concepção de Rede Centrica (oposta ao egocentrismo), a qual possibilita a partilha em simultâneo de dados e de informação entre as diferentes unidades de combate, técnicos de DFCI, autoridades, entre outros envolvidos no Teatro de Operações – sendo um factor fundamental para o incremento da qualidade da informação no Posto de Comando, o que resulta num conhecimento situacional muito mais preciso e na necessária sincronização das três funções operacionais científicos-tecnológicas básicas:
  • Sensoriamento: busca da informação sobre o relevo, condições meteorológicas, população, meios e recursos e as ameaças presentes (zonas de interface urbano-florestal, povoamentos, áreas protegidas, etc);
  • Processamento: tomada da decisão e sua implementação;
  • Atuação: extinção do incêndio – incrementando ao combate ao incêndio uma significativa agilidade, eficiência, eficácia e, essencialmente, a proatividade em todo o processo.

Fonte: bloximages.chicago2.vip.townnews.com 
Um Posto de Comando Proativo permite uma redefinição muito positiva no relacionamento entre comandos superiores e os elementos subordinados presentes. O suporte de uma equipa de análise, permite aos comandantes tomar decisões oportunas, atempadas e mais rápidas, colocar os meios, coordenar, controlar e sincronizar em melhor condições os seus efectivos, ou seja procurando colocar-se sempre em situação vantajosa em relação às ameaças presentes e previstas.

Sendo assim, o Posto de Comando Proativo possibilita aos comandantes, em todos os níveis - estratégico, operacional e tático - manter a iniciativa das ações, conservando de modo permanente, a imprescindível postura proativa requerida em qualquer plano ou situação de emergência e, muito particularmente, nos Grandes Incêndios Florestais.


Desenvolvido e postado por:
Emanuel de Oliveira
SMPC/GTF de Vª Nª de Cerveira

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Combate Reativo versus Combate Proativo

Como pudemos constatar no artigo anterior, a segurança no combate aos incêndios depende do comportamento humano, igualmente a forma e o método de ataque vai depender da atitude do combatente, da equipa de combate e do comando de operações. Sendo assim, podemos distinguir dois tipos de combate aos incêndios florestais com base no comportamento humano e que vão ser determinantes na forma de alcançar o objectivo do combate – a extinção do incêndio. Realmente, a velha máxima de que “nenhum incêndio ficou por apagar” é certa, no entanto os efeitos e a dimensão da área afectada vai traduzir-se em danos, perdas e custos a curto, a médio e longo prazo e a atitude de combate é aqui fundamental.

Antes de partir para a caraterização de ambos tipos de combate aos incêndios florestais, devemos primeiro focar-nos na definição destes dois conceitos do comportamento humano:
  • Reatividade ou "reativo" é uma reação tomada frente a uma ação, ou seja, que reage que suscita reação. Sintetizando, ela simplesmente ocorre pelas vias de fato, ou seja, acontecem pois foram disparadas por uma determinada atividade ou ação.
  • Proatividade é o comportamento de antecipação e de responsabilização pelas próprias escolhas e ações frente às situações impostas pelo meio.
O prefixo "pró" significa antecipação, isto é, algo que acontece antes. Enquanto que o prefixo "re" tem 3 significados diferentes: repetição, reforço ou recuo.

O combate reativo prende-se na tomada de decisão e na atuação com base em padrões de causa e efeito. Nem sempre esperar pelo fogo num caminho será a melhor manobra, pois uma mudança inesperada do vento ou uma alteração do comportamento do fogo, intensificando-se, poderá fazer com que ele passe para o lado oposto. Uma vez passado o fogo, perante uma nova situação, terá o combatente que reagir!

O combate proativo baseia-se na antecipação aos acontecimentos, mediante o planeamento através da análise do incêndio e na definição da estratégia, procurando fazer a previsão mais ajustada ao comportamento do fogo para poder atuar.

O comportamento proativo é definido como sendo um conjunto de comportamentos extrafunções, ou seja não se prende apenas às suas funções básicas pré-definidas. Neste tipo de comportamento, um indivíduo procura de forma espontânea provocar mudanças no seu ambiente, buscando soluções e antecipando-se aos problemas. Consequentemente, o combate proativo implica a tomada de decisão atempada, visando antecipar-se a um agravamento potencial do incêndio, sendo a análise do incêndio (avaliação do comportamento do fogo presente e a sua previsão) a chave deste tipo de combate.

Foto: www.washingtonpost.com
O combate proativo não se trata do uso massivo de meios para fazer frente às chamas, sem qualquer análise
prévia ou estratégia. O combate proativo deverá implicar 3 fases obrigatórias:
1º) É necessária uma análise;
2º) É fundamental a identificação e seleção de alternativas;
3º) Obriga a uma previsão dos resultados esperados para cada cenário;

O combate proativo implica pois análise e planeamento, principalmente em Grandes Incêndios Florestais, com o fim de maximizar-se as chances de êxito e minimizar-se as chances de erros.
No combate proativo toma-se a iniciativa, mas esta por si só é apenas uma reacção e não uma acção. No entanto, se no comando de operações se proceder para além do planeamento a um questionamento positivo do processo, então o combate passa a ser proativo.

Vejamos pois um exemplo prático:

No Posto de Comando o Comandante de Operações e Socorro solicita um voluntário para fazer um mapa de progressão de um incêndio.
O Técnico do GTF imediatamente se candidata. Ora bem, este apenas demonstrou iniciativa.
A pessoa proativa para além de se oferecer como voluntária para cumprir com uma acção, sugere igualmente algo como: “Podemos utilizar o sistema de informação geográfica e colocar com exactidão as posições correctas das equipas, obtidas pelos rádios do SIRESP?” ou “Podemos imprimir os mapas de progressão actualizados e faze-los chegar a cada equipa presente no Teatro de Operações?

Outro exemplo, mais operacional:

Uma equipa de combate fica encarregue de extinguir uma frente de chamas. Esta equipa procede de acordo com o método mais tradicional, estendendo linha de mangueiras e humedecendo os combustíveis, no entanto o chefe de equipa questiona o COS: “Posso colocar 2 elementos da equipa a proceder à eliminação de pontos quentes com ferramenta manual na linha de defesa até à chegada das equipas de rescaldo?

No combate proativo, recorre-se ao questionamento planeado visando a melhoria do combate e dos resultados. Este modelo de combate permite a implementação da preparação e o consequente estado de prontidão, preferencialmente proativo, dos combatentes e técnicos envolvidos nos planeamentos e na condução das manobras, nos diversos níveis de decisão, garantindo um aumento da eficiência (não confundir com eficácia).

Desenvolvido e postado por:
Emanuel de Oliveira
SMPC/GTF de Vª Nª de Cerveira

Equipa de Fogo Controlado em Espanha em Wildfiretoday.com

Uma das ferramentas mais importantes para a prevenção dos incêndios florestais que ameaçam as florestas espanholas é a conciliação de interesses no território. Por esta razão o MAGRAMA (Ministerio de Agricultura, Alimentación y Medio Ambiente) levou a cabo, em coordenação com as comunidades autónomas, acções de silvicultura de prevenção de incêndios florestais, acções de sensibilização à população e o seu envolvimento nas acções visando a mesma linha de prevenção.

Em 2012, o MAGRAMA, através da constituição de 18 EPRIF e 10 BP (Brigadas de Prevenção) apoiou as comunidades na extinção de incêndios e na prevenção.

O vídeo seguinte apresenta estas importantes equipas a realizar acções de fogo controlado (queimas prescritas) e em acções de sensibilização à população rural, o qual foi publicado no site americano http://wildfiretoday.com sob o título "A prescribed fire team in Spain". Aqui fica o registo, dado o destaque pelo conceituado site e pela sua importância em divulgar internacionalmente o trabalho desenvolvido pelas EPRIF.

SPANISH Prescribed Burn Team - EPRIF from Madrid on Vimeo.

sábado, 1 de junho de 2013

Segurança nos Incêndios Florestais. Perigos Objetivos vs Perigos Subjetivos

Um incêndio florestal dá-se e condiciona um ambiente onde o combatente irá defrontar um amplo leque de perigos variados. Esse meio ambiente constitui uma série de riscos potenciais que o combatente deve e tem que conhecer para, pelo menos, preveni-los e minimizá-los.

Perigos e Riscos, contudo ambos conceitos não têm o mesmo significado! São parecidos mas essencialmente diferentes.

O Perigo constitui a fonte ou situação com potencial para provocar danos, sejam no próprio indivíduo seja no espaço físico.
  • No espaço físico: danos ao meio ambiente, em edifícios, em infraestruturas.
  • No indivíduo: lesões, doenças, ou a morte.
Entende-se por Risco a combinação da probabilidade de ocorrência e da consequência de um determinado evento perigoso.

Sendo assim, o Perigo é a fonte geradora e o Risco é a exposição a esta fonte.

Concentremo-nos pois na fonte geradora e procedendo à analogia adoptada para os perigos nos desportos de montanha, vamos proceder de igual modo para as duas tipologias de perigos nos incêndios florestais.

Perigos Objetivos
São os perigos resultantes do ambiente que nada têm a ver com o comportamento do combatente:
  • Comportamento do Fogo
  • Fumos
  • Radiação e Conveção
  • Topografia
  • Meteorologia
  • Modelos de Combustíveis
  • Desabamentos e queda de pedras
Perigos Subjetivos
São os perigos que derivam do comportamento do combatente, ou seja, provocados por ele:
A subvalorização, inconsciência e desconhecimentos dos próprios perigos, do ambiente, do meio, das circunstâncias e da segurança, mais precisamente:
  • Falta de formação
  • Proceder a uma manobra sem dominar a técnica
  • Não conhecer o território, nem saber com exactidão o local onde se encontra
  • Não renunciar a tempo do objectivo por não cumprir dentro da janela de actuação
  • Encontrar-se num incêndio sem equipamentos de comunicação
  • Falta de Equipamento de Protecção Individual (EPI)
  • Incumprimento dos Protocolos de Segurança: LACES, 10 Regras de Segurança e as 18 Situações de Perigo
  • Não levar a cabo uma alimentação adequada
  • Tentar proceder à extinção do fogo sem utilizar os meios adequados
  • Insistir numa manobra/táctica ineficaz
  • Má interpretação do comportamento do fogo
  • Desidratação
  • Meios e ferramentas em condições deficientes
  • Entre outros…
É óbvio e indiscutível que os perigos e os riscos existem no Teatro de Operações, num incêndio florestal. Estão presentes em todo o tempo, desde o foco nascente ao rescaldo, assim como na vigilância preventiva ou no pós-rescaldo. Daí que o combatente fica obrigado a uma preparação adequada, baseada na prática e o cumprimento sistemático dos protocolos de segurança devem estar sempre presentes, quer no combate aos incêndios florestais quer nas acções de queimas prescritas, para que se criem hábitos operacionais que nivelem a auto-segurança do combatente.
Daí a necessidade de não confundir a auto-confiança com auto-segurança.

Treino de procedimentos das Equipas Helitransportadas da Galiza - Base de Toen - Ourense. Foto: E. Oliveira 2012
A auto-confiança reside na capacidade de um indivíduo assumir riscos baseando –se quase exclusivamente em experiências adquiridas em momentos passados e nos meios ao seu alcance, sem que para tal exista a necessidade de nivelar de acordo com as situações que terá que enfrentar durante o combate ao incêndio florestal.
Por outro lado, a auto-segurança reside na capacidade do combatente em assumir riscos baseando-se, para além de experiências e práticas vividas, no nivelamento constante da segurança para cada tipo de perigo a enfrentar, reduzindo o efeito dos riscos.

O melhor exemplo que costumo dar nas formações é a comparação entre o condutor auto-confiante e o condutor auto-seguro. No 1º caso, em virtude da sua larga experiência sem acidentes e grande conhecedor da estrada, por ter uma boa condução, costuma conduzir sem cinto para fazer uns escassos quilómetros – a sua condução baseia-se na sua experiência de sucessos – porém o perigo encontra-se presente e com certeza não se encontra livre de um acidente mortal.
Por outro lado, no 2º caso, o condutor auto-seguro antes de iniciar a marcha coloca o cinto de segurança e com o aumento do trânsito reduz a velocidade, acende as luzes de presença e redobra a atenção. Tal facto, poderá não livrá-lo de um acidente pois o perigo está igualmente presente, contudo dado o nivelamento constante da segurança, com base no aumento do risco, eleva as probabilidades de sair ileso ou pouco afectado de um possível embate quando comparado com o condutor do 1º caso.

Práticas repetidas diariamente pelas helitransportadas. Foto: E. Oliveira 2012
A auto-confiança é inimiga no combate aos incêndios, pois não tem em conta necessidade do constante e  gradual nivelamento da segurança. Os incêndios não são todos iguais e nem um combatente está diariamente nas mesmas condições físicas e psíquicas, contudo os perigos estarão sempre presentes e os riscos poderão incrementar-se, pelo que a necessidade diária de treino de procedimentos é uma obrigação que não deve nem pode ser marginalizada em qualquer circunstância. Um elevado nível de auto-segurança de um combatente ou de uma equipa implica que estes tenham hábitos diários, por forma a que os procedimentos de segurança sejam cumpridos com rigor no momento do combate.

Nos incêndios florestais, normalmente, a auto-confiança sobrepõe-se à auto-segurança. O combate é diversas vezes executado baseando-se, quase exclusivamente, em experiências passadas e na repetição de acções quase por instinto, sem ter em consideração o conjunto de perigos objetivos e subjetivos. Hoje, mais do que nunca, os combatentes têm que estar preparados para incêndios resultantes da combinação explosiva “alterações climáticas e alterações do uso e da ocupação do solo” que dão origem a incêndios de elevada complexidade e severidade, altamente destrutivos. Logo, de pouco valerá basear-se apenas em experiências passadas, ignorando por completo o nivelamento progressivo da segurança.

Desenvolvido e postado por:
Emanuel de Oliveira
SMPC/GTF de Vª Nª de Cerveira

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