sábado, 16 de julho de 2011

Linguagem de Comunicação – CPSL (continuação)

A Linguagem de Comunicação proposta por Doug Campbell permite de modo simples a uniformização de conceitos e da sua transmissão para um entendimento comum a todos os combatentes no Teatro de Operações, permitindo aumentar quer a eficácia das tácticas quer a segurança de cada interveniente.

Acção de Formação sobre CPSL ao Corpo Activo dos Bombeiros
Voluntários
de Vª Nª de Cerveira, Maio 2011
Apresentação e Discussão da Análise do GIF de Loivo ocorrido em Agosto 2010


Contudo, recordo que a aplicação do Sistema de Campbell implica uma conversão importante na formação do pessoal combatente, com especial prioridade sobre as chefias de cada equipa, quer ao nível do comportamento do fogo quer ao nível da análise dos incêndios. Seguidamente, apresentam-se sucintamente as formas de Comunicação estabelecidas através do CPSL (Campbell Prediction System Language):

1 - Tipos de Incêndios: conduzidos por Vento, Topográfico ou de Combustível

Dentre as três variáveis básicas que utiliza o CPSL, destaca-se sempre uma que reflecte maior influência no comportamento do fogo. Essa definirá a tipologia do incêndio ou da frente a que nos enfrentamos, tendo como fim sectorizar e demarcar o tipo de estratégia e tácticas a aplicar.

2 - Alinhamento de Forças

No CPSL utilizamos vocábulos para explicar com clareza a posição dos factores determinantes do fogo: vento, declive e exposição/orientação. Utilizam-se empregando: pleno alinhamento (3/3), médio alinhamento (2/3), nulo alinhamento (1/3) ou sem/fora de alinhamento (0/3).

3 - Vento, Declive e Temperatura do Combustível

São os factores básicos que deverão estar dentro ou fora do alinhamento. Relativamente a estes, definimos vento e declive a favor da frente de chamas ou contra a frente e combustível quente ou frio, se está ao sol ou à sombra, respectivamente.

4 - A Situação vai Melhorar/Piorar

É a expressão usada para constatar a evolução do fogo de acordo com a análise da situação, descrevendo se o seu comportamento vai melhorar ou piorar relativamente aos valores que se observam no momento. Tal como já vimos, tudo dependerá da alteração do alinhamento.

5 - Subir ou Descer a Curva

Esta expressão usa-se quando estamos a trabalhar com um cartão de inflamabilidade e identificando a nossa posição temporal e espacial sobre as curvas. Se sobe na curva quer dizer que a frente vai piorar e se baixa quer dizer que vai melhorar.

6 - Janela de Actuação

Consiste no espaço topográfico e de intervalo de tempo, no qual a táctica é válida para garantir o nosso êxito e com segurança para os combatentes.

7 - O que diz o fogo?

A frente em análise dá-nos indicações visuais que descrevem o seu comportamento, isto permite-nos prever o que vai suceder, corridas potenciais, comportamento das frentes, se seremos capazes de controlar, onde, quando, até quando e até onde.

8 - Limite de Controlo

Também designado por limite da capacidade de controlo, define-se como o limite de comportamento do fogo (intensidade e velocidade) a que nos podemos enfrentar com os meios disponíveis. Este limite dependerá do tipo de equipa e das tácticas utilizadas. Acima deste nível, os trabalhos de extinção serão ineficazes (ver tabela no anterior post sobre a análise do comportamento de chama).

9 - Tácticas Oportunas

As tácticas de oportunidade são as que aproveitam uma oportunidade sem análise da situação. Esta acção irá sempre “a reboque do fogo” podendo actuar apenas quando o fogo o permitir. Deste modo é muito fácil que ocorram situações imprevistas que surpreendam os combatentes e os coloquem em risco. Pelo contrário, devemos de utilizar as tácticas baseadas na previsão do comportamento do fogo e identificando à priori quando será possível o ataque ou não! Já não iremos “a reboque do fogo”!

Uma construção típica de comunicação deveria ter a seguinte estrutura:

  1. Identificação do tipo de incêndio de acordo com o factor dominante, mais o tipo de alinhamento.
  2. Identificação do factor dominante (motor do incêndio ou da frente) e a sua evolução imediata.
  3. Limite de controlo para cada frente. Dentro ou fora de capacidade.
  4. Pontos de inflexão e alterações do alinhamento ou do factor. Constatação do momento e/ou lugar de superação do limite: ponto critico.
  5. Previsão. Janela de actuação.
  6. Estratégias. Opções e propostas. Aqui entram as prioridades de actuação.
  7. Tácticas. Opções e propostas. Finalmente o ataque, decidindo a técnica a usar e com que meios.

Desenvolvido e postado por:

Emanuel de Oliveira

SMPC/GTF de Vª Nª de Cerveira

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