Antes de partir para a caraterização de ambos tipos de combate aos incêndios florestais, devemos primeiro focar-nos na definição destes dois conceitos do comportamento humano:
- Reatividade ou "reativo" é uma reação tomada frente a uma ação, ou seja, que reage que suscita reação. Sintetizando, ela simplesmente ocorre pelas vias de fato, ou seja, acontecem pois foram disparadas por uma determinada atividade ou ação.
- Proatividade é o comportamento de antecipação e de responsabilização pelas próprias escolhas e ações frente às situações impostas pelo meio.
O combate reativo prende-se na tomada de decisão e na atuação com base em padrões de causa e efeito. Nem sempre esperar pelo fogo num caminho será a melhor manobra, pois uma mudança inesperada do vento ou uma alteração do comportamento do fogo, intensificando-se, poderá fazer com que ele passe para o lado oposto. Uma vez passado o fogo, perante uma nova situação, terá o combatente que reagir!
O combate proativo baseia-se na antecipação aos acontecimentos, mediante o planeamento através da análise do incêndio e na definição da estratégia, procurando fazer a previsão mais ajustada ao comportamento do fogo para poder atuar.
O comportamento proativo é definido como sendo um conjunto de comportamentos extrafunções, ou seja não se prende apenas às suas funções básicas pré-definidas. Neste tipo de comportamento, um indivíduo procura de forma espontânea provocar mudanças no seu ambiente, buscando soluções e antecipando-se aos problemas. Consequentemente, o combate proativo implica a tomada de decisão atempada, visando antecipar-se a um agravamento potencial do incêndio, sendo a análise do incêndio (avaliação do comportamento do fogo presente e a sua previsão) a chave deste tipo de combate.
Foto: www.washingtonpost.com |
prévia ou estratégia. O combate proativo deverá implicar 3 fases obrigatórias:
1º) É necessária uma análise;
2º) É fundamental a identificação e seleção de alternativas;
3º) Obriga a uma previsão dos resultados esperados para cada cenário;
O combate proativo implica pois análise e planeamento, principalmente em Grandes Incêndios Florestais, com o fim de maximizar-se as chances de êxito e minimizar-se as chances de erros.
No combate proativo toma-se a iniciativa, mas esta por si só é apenas uma reacção e não uma acção. No entanto, se no comando de operações se proceder para além do planeamento a um questionamento positivo do processo, então o combate passa a ser proativo.
Vejamos pois um exemplo prático:
No Posto de Comando o Comandante de Operações e Socorro solicita um voluntário para fazer um mapa de progressão de um incêndio.
O Técnico do GTF imediatamente se candidata. Ora bem, este apenas demonstrou iniciativa.
A pessoa proativa para além de se oferecer como voluntária para cumprir com uma acção, sugere igualmente algo como: “Podemos utilizar o sistema de informação geográfica e colocar com exactidão as posições correctas das equipas, obtidas pelos rádios do SIRESP?” ou “Podemos imprimir os mapas de progressão actualizados e faze-los chegar a cada equipa presente no Teatro de Operações?”
Outro exemplo, mais operacional:
Uma equipa de combate fica encarregue de extinguir uma frente de chamas. Esta equipa procede de acordo com o método mais tradicional, estendendo linha de mangueiras e humedecendo os combustíveis, no entanto o chefe de equipa questiona o COS: “Posso colocar 2 elementos da equipa a proceder à eliminação de pontos quentes com ferramenta manual na linha de defesa até à chegada das equipas de rescaldo?”
No combate proativo, recorre-se ao questionamento planeado visando a melhoria do combate e dos resultados. Este modelo de combate permite a implementação da preparação e o consequente estado de prontidão, preferencialmente proativo, dos combatentes e técnicos envolvidos nos planeamentos e na condução das manobras, nos diversos níveis de decisão, garantindo um aumento da eficiência (não confundir com eficácia).
Desenvolvido e postado por:
Emanuel de Oliveira
SMPC/GTF de Vª Nª de Cerveira
Emanuel de Oliveira
SMPC/GTF de Vª Nª de Cerveira
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