Paulo M. Fernandes
Departamento Florestal, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Departamento Florestal, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
O autor deste estudo revela-nos dados interessantes sobre os incêndios florestais que afectaram de forma catastrófica grande parte do território português entre 2001 e 2005 comparando a situação ao período de 2006 a 2008. Paulo Fernandes, professor e investigador na UTAD, apresenta-nos um olhar crítico ao dispositivo de prevenção e combate que caracterizou aquele período. Hoje dadas as circunstâncias actuais e o encerramento de ciclos de grandes incêndios florestais, este post literalmente transcrito da conclusão do estudo então publicado ( em 2008), assume-se de vital importância para todos aqueles que procuram algumas respostas ao actual problema dos grandes incêndios florestais.
A principal limitação da análise efectuada prende-se com a sua resolução espacial e temporal. A enorme extensão do território que ardeu de 2001 a 2005, mais de 1.2 milhões de hectares, terá forçosamente limitado a extensão dos fogos ocorridos em 2006-2008 em várias regiões do país. Uma terceira limitação residirá na capacidade do sistema FWI para representar adequadamente o potencial de comportamento do fogo em ambientes meteorológicos extremos, nomeadamente em situações de forte instabilidade atmosférica após um período de secura bastante prolongado. Em formações dominadas por vegetação arbustiva o FWI sobrestima o potencial de fogo na Primavera, mas é possível que o subestime nos Verões mais secos.
As análises efectuadas permitem concluir que o desempenho das actividades de prevenção de ignições, detecção/1ª intervenção e ataque inicial ao fogo evoluiu favoravelmente de 2001-2005 para 2006-2008.
É especialmente relevante constatar a diminuição da fracção de fogos que excedem 100 ha de tamanho, uma vez que são responsáveis pelos impactes mais severos e por grande parte da área ardida total. Em 2006-2008 os grandes incêndios corresponderam a 65,5% da superfície queimada total, face a 84,3% em 2001-2005. Não há porém evidências de melhorias nos resultados do combate ampliado a incêndios, o que significa que não é de excluir uma repetição dos anos críticos de 2003 e 2005.
A reforma do sistema DFCI encetada após 2003 incidiu essencialmente em alterações com repercussões na prevenção de ignições e nas actividades de pré-supressão e supressão do fogo. Os resultados alcançados reflectem este esforço − e uma visão essencialmente de protecção civil, que a municipalização do planeamento da DFCI reforça − mas não são sustentáveis a médio e longo prazo sem um empenho comparável em medidas de efectiva protecção florestal. Adicionalmente, não é crível que o actual (e economicamente irracional) modelo de combate a incêndios, onde a força se substitui ao conhecimento técnico, seja compatível com ganhos de efectividade na supressão de grandes incêndios.
Leia o Artigo Completo AQUI: Avaliação do Desempenho do Ataque Ampliado a Incêndios Florestais
Saiba mais AQUI: Laboratório de Fogos Florestais
Postado por: Emanuel Oliveira
SMPC/GTF de Vª Nª de Cerveira
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