O Estudo do CESAM e Departamento de Ambiente e Ordenamento, Universidade de Aveiro, titulado: “ As alterações climáticas: uma realidade transformada em desafio”, da autoria dos investigadores Carlos Borrego, Myriam Lopes, Isabel Ribeiro e Anabela Carvalho, esboça-nos uma realidade perturbadora. Sendo assim aproveito para destacar algumas conclusões deste estudo para o nosso país em matéria de risco de incêndio florestal.
“No âmbito do projecto Scenarios Impacts and Adaptation Measures – SIAM [Santos et al., 2002], avaliaram-se os impactos das alterações climáticas em diversos domínios, nomeadamente, nas florestas, agricultura, zonas costeiras, pescas, recursos hídricos, energia e saúde humana. Assim, os diferentes modelos de simulação da evolução do clima para o período 2000-2100 prevêem para a Península Ibérica um aumento da temperatura entre os 4ºC e os 7ºC, ou seja, um aumento superior às previsões do IPCC para a temperatura média global à superfície da Terra (1,8ºC a 4ºC) [IPCC, 2007a]. Os resultados indicam também, para esta região, um decréscimo da precipitação, com maior incidência nas zonas centro e sul, e uma alteração do padrão da distribuição da precipitação mensal, com um decréscimo substancial na Primavera e um aumento no Inverno.”
“No âmbito do projecto PRUDENCE – Prediction of Regional scenarios and Uncertainties for Defining EuropeaN Climate change risks and Effects [Christensen e Christensen, 2007], foram simulados cenários climáticos regionais sobre a Europa com alta resolução espacial (12 km). Para a avaliação do impacto das alterações climáticas em Portugal analisaram-se os valores diários de variáveis meteorológicas para o cenário de referência (1961-1990) e para o cenário futuro SRES (Special Report on Emissions Scenarios) -A2 (2071-2100) [Nakicenovic et al., 2000].”
“Em termos dos impactos, no cenário climático futuro (2071-2100) as maiores diferenças na temperatura média diária são registadas, durante o Verão, nos distritos de Bragança, Guarda e Castelo Branco com aumentos máximos na ordem dos 6ºC (Fig. 8). A precipitação regista uma diminuição em todos os distritos e em todas as estações do ano especialmente durante a Primavera [Carvalho, 2008].”
“As variáveis meteorológicas simuladas para ambos os cenários climáticos foram usados no cálculo das componentes do sistema Canadiano de risco de incêndio, Canadian Forest Fire Weather Index (FWI) System [van Wagner, 1987]. O sistema FWI permite avaliar o nível de risco meteorológico de uma região em relação à ocorrência de incêndios florestais.
O Verão regista os maiores aumentos absolutos em termos de risco de incêndio principalmente nos distritos do interior Norte e Sul. Maio apresenta o maior aumento, em termos relativos, e Outubro e Novembro também registam aumentos do índice FWI [Carvalho et al, 2009]. Este facto poderá conduzir a uma antecipação do início da época de fogos e a um aumento da sua extensão temporal. (…) as regiões do Alentejo, Beira Interior e Trás-os-Montes as mais afectados em termos do aumento do índice de risco de incêndio para os meses de Verão.”
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