O presidente da Associação
Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Fernando Ruas, defendeu que deve ser
encontrada uma forma de responsabilizar os madeireiros quando estes destroem
caminhos florestais ou outras infraestruturas durante a sua actividade.
"Há muito colega a
queixar-se da situação em que ficam os espaços. Nós compreendemos a actividade
dos madeireiros, mas eles têm de compreender também a actividade de quem é
responsável pelas infraestruturas públicas", disse aos jornalistas o também
presidente da Câmara de Viseu (PSD).
Fernando Ruas falava ontem
após uma reunião com os presidentes das Juntas de Freguesia do concelho de Viseu
e na qual se ouviram duras críticas à actividade dos madeireiros.
O presidente da Junta de
Freguesia de Côta, Joaquim Polónio, contou que, após o grande incêndio que no
verão passado atingiu o concelho, há muitos madeireiros em actividade que
"deixam tudo sujo" com ramagens, "estragam caminhos" ao passar com os camiões e
"amolgam as protecções das estradas" ao deitar as árvores abaixo.
Exemplificou que, na
estrada 323, o habitual é as valetas estarem entupidas devido às ramagens das
árvores e o piso cheio de lama que é transportada do interior da mata.
Também o presidente da
Junta de Freguesia de Lordosa, Carlos Correia, se mostrou indignado com a
situação, questionando quem é que fica com a responsabilidade de compor os
caminhos agrícolas.
Concordou que as árvores
queimadas têm de ser retiradas, de forma a permitir a reflorestação, mas
defendeu que "tem de haver bom senso".
Fernando Ruas considerou
que tem de ser encontrada uma forma de, "não prejudicando a actividade dos
madeireiros, também não perturbar a questão das infraestruturas públicas, que
são altamente danificadas com esta actividade".
Contou que a ANMP já está a
analisar o assunto e que vai apresentar duas propostas suas, nomeadamente o
pagamento de uma caução por parte dos madeireiros e placas de limitação de peso
dos camiões.
"Estas parecem-me que, se
não tiveram limitação jurídica, podem ser situações que resolvam os problemas ou
pelo menos que os minimizem", considerou o autarca.
A caução seria depositada
na respectiva Câmara Municipal, ou eventualmente na junta de freguesia, e
devolvida ao madeireiro se não tivesse provocado danos. Caso contrário, a
entidade lesada utilizaria a caução para fazer a reparação.
"Acho que esta figura da
caução pode resolver o problema. Esta questão é recorrente e temos que a
resolver, porque provoca danos consideráveis nos orçamentos municipais",
frisou.
In Agro Portal
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