Vamos tentar descrever aqui um tema que tem sido apenas objecto de estudo e de formação no âmbito técnico e colocado à margem da formação no nosso país dos combatentes de incêndios florestais – o Comportamento do Fogo.
O comum combatente já ouviu falar do triângulo do fogo, assim como do ambiente do fogo em incêndios florestais, isto é o conjunto de factores que condicionam um incêndio florestal:
Todo o combatente deve ser capaz de diferenciar o tipo de incêndio que vai ou está a enfrentar, cuja previsão do comportamento obriga ao isolamento da força que domina e controla o incêndio. Muitas vezes duas forças combinam-se para influenciar esse comportamento, no entanto há uma força que “manda” mais que a outra. Com este artigo, vamos iniciar uma breve mas elucidativa introdução às forças que determinam o comportamento do fogo.
Os incêndios florestais podem ser classificados de acordo com o comportamento de fogo manifestado, causado pela mudança de um ou mais dos 3 factores condicionantes:
- Vento: a sua força e direcção actua sobre o incêndio.
- Combustível: as alterações no tipo ou modelo de combustível ou na inflamabilidade na rota da frente de chamas.
- Topografia: variações na forma do relevo, declive e exposição na rota da frente de chamas.
Incêndios conduzidos pelo Vento
São aqueles incêndios em que o motor principal na propagação é o vento, dependendo da sua força e do seu rumo. Por vezes o vento não é muito intenso, mas é o único factor a destacar (por ex.º: planície e homogénea). Neste caso, o incêndio corre à frente do vento, mas sem alterações significativas derivado de variações no combustível ou na topografia. Os incêndios dominados manifestam-se por adoptarem perímetros alongados na direcção do vento e no caso de gerarem-se faúlhas, podem produzir focos secundários, pelo que obrigam a uma atenção rigorosa na direcção da coluna convectiva.
As Bases das Tácticas
Os prognósticos do vento são a chave de previsão do comportamento do fogo impulsionado por ele. É necessário estudar no local a influência deste e entender o quanto ou pouco fiável é a força e a direcção do vento.
Carta Geral (Europa) dos Ventos de Superfície
Gráfico de Ventos para o local previstos para cada altitude
Quando o incêndio é dominado pelo vento, a táctica preferencial é ancorar a cauda e estabelecer faixas de contenção pelos flancos num ataque directo.
O responsável pelo combate deve ser rápido na previsão de quando o vento deixa de dominar o incêndio, pois outro factor (combustível ou topografia) passará a dominar, obrigando à reavaliação da táctica.
As melhores estratégias baseiam-se no uso do fogo táctico, aproveitando o vento de sucção do próprio incêndio, apoiando-se em vias existentes ou em ataques mais convencionais.
Para todos os efeitos, a cabeça do incêndio avança muito mais rápido do que os meios de extinção para conter o avanço progressivo desde a cauda.
Os incêndios dominados pelo vento obrigam a manobras avançadas com vista a detecção e eliminação de focos secundários, bem como à criação de faixas de protecção com recurso ao uso de fogo táctico. Na 1ª intervenção ou no combate, é importante proceder-se em simultâneo à extinção das chamas e ao controlo da linha, bem como à fundamental atenção às projecções pelo que obriga a elementos adiantados para observação da coluna de fumo.
Desenvolvido e postado por:
Emanuel de Oliveira
SMPC/GTF de Vª Nª de Cerveira
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