terça-feira, 13 de março de 2012

Alto Minho em fogo antes do Período Crítico -

 Desde 1 de Janeiro até hoje já ocorreram no Alto Minho cerca de 600 ocorrências e já arderam mais de 1 500 hectares. O grande incêndio florestal ocorrido no Parque Nacional da Peneda-Gerês (Várzea – Arcos de Valdevez), nos dias 10, 11 e 12 de Março consumiu mais de 300 hectares. Só neste mesmo fim de semana, arderam no total mais de 600 hectares nos diversos incêndios ocorridos nos concelhos do Alto Minho (sem contar com o GIF do PNPG).
Em termos comparativos, no ano 2011, nos primeiros três meses, o distrito registou cerca de 290 ocorrências e 916 hectares de área ardida.

À medida que os dias vão passando neste Inverno, longe da precipitação, com valores de humidade cada vez mais reduzidos e temperaturas cada vez mais altas (aproximando-se dos valores da Primavera), o risco de incêndio vai aumentando e os incêndios florestais vão gradualmente, dia após dia, ganhando cada vez mais intensidade.
A previsão da precipitação está longe dos valores normais para a época e não se consegue estimar que a que venha ainda a cair, consiga repor os caudais da rede de pontos de água para enfrentar os incêndios estivais.


 
 Evolução da precipitação para os próximos dias. Fonte: Wetterzentrale


A disponibilidade dos combustíveis é elevada, assim como a sua carga, associada a esta situação atmosférica completamente anormal, tem contribuído para que os actuais incêndios florestais de inverno tenham tido um comportamento muito semelhante aos registados durante o Período Crítico.

  Evolução Sinóptica para os próximos dias. Fonte: Wetterzentrale

A falta de disponibilidade de combatentes é patente, pois também estes foram apanhados de surpresa, com a antecipação da época de incêndios, a qual poderá alargar-se até ao final do Verão e entrar no Outono, tal como ocorreu em 2011, onde a primeira quinzena do mês de Outubro, deixou na região do Alto Minho um elevado número de ocorrências e de área ardida.

O elevado número de ocorrências, duas vezes superior ao ano 2011 para o mesmo período, bem como cerca do dobro da área ardida, levou já à mobilização dos meios de combate e consequentemente, aos encargos que as diversas entidades tiveram já que enfrentar para poder responder com a possível e esmerada prontidão que os identifica – bombeiros voluntários e profissionais, sapadores florestais e GIPS-GNR. Para além do desgaste antecipado dos meios (veículos e bombas), também está o desgaste físico dos combatentes, pelo que a continuidade destes incêndios, em número e em área, antecipa uma época difícil para os combatentes, o que poderá acarretar problemas de resposta nos meses seguintes, caso as condições atmosféricas se mantenham.

A actual situação parece dar um sinal de aviso de um longo período de incêndios que aí vem, o qual não podemos ignorar, alhear-nos ou subvalorizar. Antes devemos de estar atentos e em prontidão, prepararmo-nos para a pior situação, pois se estivermos preparados para o muito, então estaremos à vontade para o pouco, pelo que esperamos que seja realmente pouco, pois como diz a canção popular: “Para melhor está bem, está bem! Para pior já basta assim!”.

Postado por: Emanuel de Oliveira
SMPC/GTF de Vª Nª de Cerveira

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