O Canal francés Metèo lançou recentemente previsões meteorológicas que indiciam fortes probabilidades de ausência da estação estival na Europa Ocidental. Refere que a propabilidade de ausência de temperaturas típicas do verão rondará cerca de 70%, pelo que segundo estas previsões poderemos viver um dos verões mais frios e húmidos dos últimos 200 anos, assemelhando-se às condições vividas no ano 1816. Outros investigadores apontam para um verão semelhante ao vivido em 2002, onde uma alteração no padrão de circulação atmosférica provocou no mês de Agosto, trovoadas e grandes inundações na Europa Central.
Os meteorologistas daquele canal francês baseiam as suas previsões nos efeitos do longo e tardio inverno deste ano que conduziu a um arrefecimento das águas dos oceanos, para além de uma débil actividade solar registada nos últimos meses, o que no conjunto poderá ter efeitos sobre o clima nos meses estivais, mais concretamente os meses de Julho e Agosto. Confirmando-se esta situação, poderemos esperar curtos períodos de acentuado calor, seguidos de períodos de trovoadas, principalmente na 2ª metade de Agosto. O mesmo canal prevê que o calor poderá produzir-se com maior probabilidade nos meses de Setembro e Outubro.
Se estas condições se confirmarem, então teremos para os meses de Setembro e Outubro, uma elevada carga de combustíveis florestais disponíveis e potencialmente susceptíveis, traduzindo-se num sério “final” de período crítico, podendo-se repetir a situação vivida no ano 2011 com incêndios florestais de final de época (mês de Outubro), mas mais devastadores e de maiores dimensões.
Recordamos porém que, dada a necessidade de uma maior eficiência e eficácia dos essenciais recursos financeiros para suportar o DECIF, o governo e as unidades de combate deverão adoptar medidas que visem uma maior flexibilidade e adaptabilidade dos meios envolvidos na prevenção e combate, em função das condições climatéricas, de forma a encontrarem-se melhor preparadas para os períodos que realmente justifiquem o seu accionamento em força. Com as alterações climáticas, cada vez mais presentes, a determinação rígida de um Período Crítico deixa de ter fundamentos que o sustentem, pelo que talvez num futuro muito próximo, passaremos a falar de estado permanente de prontidão e da necessidade de equipas de prevenção ao longo do ano.
Igualmente, de acordo com estas condições meteorológicas, importa o desenvolvimento de acções que visem a redução da carga de combustível e a intervenção em pontos estratégicos de gestão.
O certo é que para o mês de Junho as previsões indicam a tendência das previsões estacionais, como podemos constatar na Previsão Mensal do IPMA:
"Na precipitação total semanal prevêem-se valores acima do normal, para o litoral norte e centro do território, na semana de 10/06 a 16/06. Nas semanas de 03/06 a 09/06, de 17/06 a 23/06 e de 24/06 a 30/06 não é possível identificar a existência de sinal estatisticamente significativo.
Na temperatura média semanal prevêem-se valores abaixo do normal, para todo do território, nas semanas de 03/06 a 09/06 e de 10/06 a 16/06. Nas semanas de 17/06 a 23/06 e de 24/06 a 30/06 não é possível identificar a existência de sinal estatisticamente significativo."
Na verdade é que não existem dúvidas que a mudança climática encontra-se presente e os seus efeitos vão condicionar o nosso modo de vida e de actuação. Verão vai haver, provavelmente... mais tarde!
Emanuel de Oliveira
SMPC/GTF de Vª Nª de Cerveira
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