segunda-feira, 23 de abril de 2012

Fim da Seca Meteorológica!?

Post de: Emanuel de Oliveira
SMPC/GTF de Vª Nª de Cerveira

Apesar da actual instabilidade atmosférica registada nas últimas semanas, com maior incidência no mês de Abril, Portugal, tal como o restante território da Península Ibérica, apresenta um ténue desagravamento do índice de seca.
O velho provérbio de “Abril, águas mil” pode não ser uma verdade total neste ano hidrológico, apesar dos últimos dias de precipitação, pois os dados de humidade do solo continuam a ser pobres, mesmo na região do Alto Minho.

Actualmente, podemos recorrer a uma nova ferramenta muito útil de monitorização da seca fornecida pela EUMETSAT, a qual através do satélite MetOP e o radar ASCAT  permite para além da medição da velocidade do vento, estimar a humidade do solo no planeta. O trabalho desenvolvido em parceria com o Instituto de Fotogrametria e Sensoriamento Remoto da Universidade de Viena permite tratar diariamente os dados recebidos e processá-los de modo a estimar a humidade do solo a uma profundidade de 5 centímetros, os quais são disponibilizados publicamente para uma plataforma baseada no Google Earth, cuja escala de humidade varia de tons de azul (muito húmido) a castanho (muito seco).

A EUMETSAT chama a atenção que devem-se excluir as áreas urbanas, cujo erro por ruído, surgem na plataforma incorrectamente como áreas muito húmidas.

Segundo a EUMETSAT, a comparação dos conjuntos de dados ao longo dos últimos meses mostra que na Península Ibérica, estes têm sido muito secos . Os dados de anomalia (que mostram a diferença entre as estimativas reais e média) mostram que estas regiões apresentam-se são mais secas que o normal para a época.

No mês de Março, os solos secos e as condições de vento do quadrante Norte e Este, combinaram-se, gerando situações propícias a numerosos incêndios florestais no Noroeste Peninsular, uma situação atípica para esse mês. Face a esta situação anormal para o 1º trimestre do ano, o Alto Minho registou cerca de 900 ocorrências e uma área ardida de cerca de 2.650 hectares.

Segundo o Relatório de Abril sobre a Situação de Seca Meteorológica, o Instituto de Meteorologia refere o seguinte:


Se os valores da quantidade de precipitação forem muito inferiores ao normal (Cenário 1), espera-se um aumento da intensidade da situação de seca, designadamente aumentando a extensão da seca extrema: 24% em seca severa e 76% em seca extrema.
Se a quantidade de precipitação for próxima do normal (cenário 2), espera-se uma diminuição da intensidade da seca em relação a 31 de março 2012, ficando: 1% em seca fraca, 29% em seca moderada, 69% em seca severa e 1% em seca extrema.
Se a quantidade de precipitação for muito superior ao normal (cenário 3), espera-se uma diminuição significativa da intensidade da situação de seca, no entanto esta ainda se mantém em quase todo o continente, exceto na região de Sines: 2% em situação normal, 40% em seca fraca e 58% em seca moderada.
No mesmo documento de monitorização da situação, o IM procedeu à seguinte antevisão:

Tendo em conta a previsão mensal do Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo (ECMWF), que prevê valores acima do normal, para todo o território a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, nas semanas de 16/04 a 22/04 e de 23/04 a 29/04 e nas semanas de 30/04 a 06/05 e de 07/05 a 13/05 não é possível identificar a existência de sinal estatisticamente significativo, será mais provável que se mantenha a situação de seca meteorológica em Portugal Continental, no final de abril 2012, mas com um desagravamento da sua severidade, nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela.

A situação em Portugal é crítica, onde a floresta poderá vir a sofrer com um verão muito difícil, semelhante ao ocorrido no ano hidrológico de 2004-2005, caso não ocorram precipitações abundantes - as tão esperadas “águas mil”.

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